terça-feira, 17 de novembro de 2009

Determinados à liberdade!

Às vezes eu fico pensando que o mundo poderia ser melhor, e acho que muita gente pensa isso também, né? Mas o problema não é querer um mundo melhor, e sim agir para que esse mundo aconteça. Que pena que muitas pessoas aceitam as situações como elas se apresentam, acham que tudo o que acontece é normal, como a minha amiga Clarissa. Certa noite, na minha casa, eu estava fazendo um trabalho de Sociologia com ela sobre violência urbana. Nós estávamos analisando a história de um garoto que, desde pequeno, começou a roubar. Foi cresendo no meio do roubo, da violência, das drogas, não tinha uma família estruturada, enfim, acabou na cadeia, com apenas 18 anos. Sabe o que foi que a Clarissa falou? Você nem vai acreditar... Ela disse que o menino cresceu nessas práticas porque tinha que ser, pois tudo o que estava acontecendo com ele eram apenas consequências de causas anteriores. Eu fiquei sem entender, sabe? Perguntei a minha amiga o que ela estava querendo dizer com isso. Ainda bem que ela é super paciente e foi me explicar de onde ela tinha tirado essa ideia. Ela sorriu pra mim e disse: “Simone, você nunca ouviu falar no determinismo”? Eu disse que não, mas estava super interessada em conhecer esse tal de determinismo. Então ela começou a explicar... disse que tinha lido em um livro que o homem é fruto do meio em que vive, e que todas as causas têm seus efeitos, pois existem acontecimentos prévios que preparam outros. Eu fiquei paralisada! Nós sempre tivemos ideias totalmente opostas, acho que por isso somos boas amigas, mas... enfim. Eu jamais poderia concordar com essa ideia do determinismo, já pensou? Essa teoria afirma que o homem não é livre. Por exemplo, você está lendo esse meu blog não porque você quer ler, mas porque está determinado por outros acontecimentos. Ah, isso é um absurdo. Depois que a Clarissa me falou dessa teoria eu fiquei profundamente triste, não aceitei, é claro, mas me deu uma angústia, sabe? Já pensou, se todos os acontecimentos são apenas consequencias de outros e assim sucessivamente? Que horrível! Pensar num mundo guiado pelo destino, sem a existência de escolhas reais, mas escolhas determinadas... Aff, não gosto nem de pensar, sinceramente. Na mesma hora que a Clarissa terminou de explicar, eu soltei o verbo nesse tal de determinismo. Ora, eu que faço meu destino, concorda? Eu faço minhas escolhas, sou capaz de mudar uma situação, basta que haja uma imensa vontade que sai do de dentro de nós, é como se você não aceitasse certas coisas que acontecem ao seu redor, por exemplo. Mas voltando para o caso do garoto... claro que eu acredito que ele está na cadeia porque roubou, cometeu algum delito. Isso foi a consequência do ato que ele praticou. Agora eu afirmar que o garoto roubava apenas porque não tinha uma família bem estruturada ou não era rico, estou simplificando a situação. Ou pior, eu dizer que tudo o que aconteceu com ele estava determinado!? Não. Essa é uma visão muito simplista, conformista. Já pensou se todos as pessoas que vivem nas condições que o garoto preso viviam fossem roubar só porque é fruto do meio em que está inserido. Dizer isso é o mesmo que afirmar que muitas pessoas estão condenadas ao fracasso, principamente em países desiguais, como é o caso do nosso Brasil. Pois é isso, gente. Posso dizer, com muita convicção, que eu acredito demais na liberdade, no livre-arbítrio... sei que não é fácil tomarmos consciência disso. É muito mais fácil pensar como a Clarissa, por exemplo. Mas acho uma atitude muito perigosa. Pensar que as tudo acontece porque tem que acontecer... Não sei se você entendeu meu desabafo, mas saiba que nós podemos mudar muitas coisas, tanto para melhor quanto para pior, como foi o caso do garoto. Mas nada está perdido pra ele, acredite! Ontem eu li, na notinha de um jornal, que esse garoto está em liberdade. Na mesma hora eu pensei como se tivesse falando pra ele: Pronto! Agora tudo vai depender de suas novas escolhas, afinal, você está em liberdade, ou melhor, você sempre esteve detrminado à liberdade... Nesse determinismo sim, eu acredito!

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