quinta-feira, 19 de novembro de 2009

De quem é a culpa?

Hoje eu estava conversando com uma amiga no colégio e ela contou-me uma situação muito interessante e comum nos dias de hoje. Ela estava me dizendo que a viagem que fez para São Paulo junto com os pais não foi nada legal. Eis o que ela me relatou:

"Dois dias antes de nós irmos viajar, meu pai foi assaltado e perdeu a carteira de motorista junto com outros documentos. Isso foi péssimo já que o nosso plano era alugar um carro lá em São Paulo. Então, ele foi ao Detran e pediu uma carteira provisória. Até aí tudo bem, nós viajamos, estávamos nos divertindo, enfim, dando uma de turistas. Até que a polícia parou nosso carro. O guarda pediu a documentação e etc., mas imagina a surpresa do meu pai quando o tal policial disse que a carteira provisória de motorista dele, só era válida no Estado do Ceará, acredita? Então, ele foi levado para falar com um tenente e este deu a entender que queria dinheiro para poder liberar o carro e a família. Meu pai estava muito nervoso por causa da situação e por estar em outro Estado, o que piorava tudo. Enfim, o jeito foi dar dinheiro para o tal tenente. Depois de toda a confusão, meu pai explicou o que aconteceu e disse que estava envergonhado por ter dado dinheiro ao policial corrupto, mas fez o que fez por isso e por mais isso; e várias desculpas foram aparecendo."
Eu ouvi toda a história da desastrada viagem da minha amiga, mas quando ela terminou falando das desculpas que o pai deu para se livrar da culpa por ter feito um ato desonesto, não pude ficar calada. Mas é claro que o pai dela tem culpa! Ele podia não ter dado dinheiro nenhum, mas ele fez uma escolha e tinha que ter se responsabilizado por ela. Não adianta dizer que estava numa cidade diferente, desconhecida ou seja lá o que for; nossas escolhas cabem somente a nós mesmos, não havendo fator externo que justifique nossas ações. Ou seja, o responsável final pelas ações do homem é o próprio homem.
Todas as escolhas que tomamos ao longo de nossa vida, são escolhas totalmente nossas. Cada escolha carrega consigo a obrigação de responder pelos próprios atos, um encargo que torna o homem o único responsável pelas consequências de suas decisões. E cada uma dessas escolhas provoca mudanças que não podem ser desfeitas. Assim, perante suas escolhas, o homem não apenas torna-se responsável por si, mas também por toda a humanidade. De acordo com o Sartre (vocês lembram dele, não é? aquele filósofo francês de quem lhes falei), a angústia que nós sentimos seria a cosnciência de que todas as nossas escolhas vão definir quem nós somos e que estas escolhas podem afetar, de forma irreversível, o próprio mundo. A angústia vem da própria consciência da liberdade e da responsabilidade em usá-la de forma adequada.

Então, conclui que: se roubarmos, se matarmos, se mentirmos ou se fizermos alguma coisa considerada errada, não podemos responsabilizar mais ninguém além de nós mesmos por nossos atos e escolhas. Por exemplo, todas as pessoas que nasceram numa família com uma situação mais frágil e, mais tarde, foram levadas pelo mundo do crime, não podem culpar políticos, empresários, países desenvolvidos, ONGs, ONU ou qualquer outra pessoa ou instituição, pelo modo como essas pessoas escolheram levar suas vidas. Devem culpar a si mesmas por não terem lutado e criado suas próprias oportunidades de crescimento pessoal, cultural, econômico e social.

Pessoal, por hoje é só. Até amanhã. Abraços para todos!

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